O discurso da Secretária-Executiva da AMUSUH, enfatizou a necessidade do combate ao estigma da vilania em relação às UHE, porque elas são essenciais para a prevenção contra as crises hídricas e para o desenvolvimento do País
Paulo Castro (ASCOM/AMUSUH)
Na manhã do dia 29 de março, a Secretária-Executiva da AMUSUH, Terezinha Sperandio, discursou na VI Conferência Nacional de PCHs e CGHs, a convite de Alessandra Torres, Presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), que promoveu o evento. Com o tema “O Futuro da Fonte Hidroelétrica no Setor Elétrico Brasileiro”, o encontro consistiu em debater a realidade atual das pequenas centrais geradoras hidrelétricas do País, para compartilhar conhecimentos, avaliar problemas e soluções e mediar consensos entre a iniciativa privada, os gestores públicos e a sociedade civil.
Em seu discurso, representando o Presidente da AMUSUH, Otávio Gomes, a Secretária-Executiva da Associação afirmou que “as hidroelétricas, que têm sido a base da geração de energia elétrica segura e limpa, são capazes de garantir o pleno atendimento do sistema elétrico brasileiro, controlando as oscilações no consumo de eletricidade durante os horários de consumo, fazendo isso mais rápido do que qualquer outra fonte de energia elétrica”.
Em seguida, ela destacou que “nosso país é um local ideal para a energia hidroelétrica, não podendo desprezar essa importante vocação para a produção de energia limpa e renovável, tão invejada por outros países, que têm de recorrer a outros recursos, nem sempre benéficos, para atender às demandas de suas sociedades por eletricidade”.
Em outro trecho do discurso, ela disse que “a participação da energia hidroelétrica em 2020 respondeu por mais de 60% no mercado, enquanto, em passado recente, chegou a representar cerca de 80%. O planejamento energético do País prevê a construção de mais 10 usinas hidrelétricas no Brasil até 2029. Como todas as usinas deverão ser de pequeno e médio portes, a participação desse tipo de fonte na matriz energética tende a cair, considerando que, nos últimos anos, tem-se incentivado a inclusão de outras fontes de geração de energia elétrica, como as eólicas, fotovoltaicas e biomassas, que vêm ganhando espaço na matriz energética brasileira. Sem dúvidas, essas fontes contribuem para o aumento da oferta de eletricidade; porém, por terem geração intermitente, não substituem a fonte hídrica, além do fato de que a energia hidroelétrica ajuda a manter as tarifas de eletricidade baixas, já que as outras fontes têm maior custo de geração”.
Redução da participação da energia hidroelétrica na matriz brasileira
Já em outro trecho do discurso, a Secretária-Executiva falou especificamente sobre o risco que programas de Estado podem representar para o futuro da matriz hidroelétrica do País. “As várias políticas do governo que vêm sendo implementadas para promover as outras fontes renováveis (em especial, a energia eólica e a energia solar fotovoltaica) vão reduzir a participação das hidroelétricas, mas não vão reduzir a dependência do País deste modal energético. A nossa realidade é de um consumo de energia elétrica cada vez maior e crescente nos próximos anos. As hidroelétricas contribuem para o fortalecimento do sistema elétrico, possibilitam uma maior autonomia de geração e, assim, contribuem de forma eficaz com as demais energias renováveis, seja pela robustez, estabilidade e confiabilidade da energia que entrega ao Sistema Elétrico Nacional (SIN)”, destacou ela.
“Por isso, entendemos que as hidroelétricas são de vital importância e imprescindíveis para o sistema elétrico brasileiro; são as nossas reservas, nossas baterias, nossos backups renováveis e baratos, que atuam nos blackouts. Por isso, elas devem estar presentes prioritariamente nos planos de governo, tanto na expansão da geração quanto nas políticas sociais, pelos resultados e benefícios que dão aos entes federativos e à sociedade brasileira. Vale ressaltar, que, quando se observa a totalidade das reservas, sem análise das diferenças regionais, o Brasil apresenta situação de disponibilidade hídrica privilegiada: detém mais da metade da água da América do Sul e 13% do total mundial, inclusive cerca de 2/3 de um manancial subterrâneo que corre por baixo dos países do Mercosul, com extensão territorial superior à de países como Inglaterra, França e Espanha juntos”, assinalou.
Já ao fim do discurso, Terezinha Sperandio defendeu que “devemos combater, junto aos órgãos federais e às demais instituições, o estigma da demonização das UHEs, pois se, no decorrer de nossa história, tivéssemos mantido o desenvolvimento hídrico de outrora e politizado menos a questão, poderíamos ter evitado as crises hídricas que sofremos recentemente”, declarou.
“Por fim, em nome do nosso Presidente, Otávio Augusto Giantomassi Gomes, Prefeito de Ilha Solteira, agradecemos a atenção e colocamos a AMUSUH à sua disposição, uma associação que vem sendo instrumento de luta na defesa desta importante fonte de geração de energia elétrica, pela sua contribuição aos municípios sedes de usinas hidroelétricas e alagados, para junto com os demais agentes levar esta bandeira do resgate do importante papel das hidroelétricas no cenário energético do Brasil. Muito obrigada pelo convite”, finalizou ela.
Juntamente com a Secretária-Executiva da AMUSUH, fizeram parte também da mesa de palestrantes na mesma manhã as seguintes personalidades: os Deputados Federais Lafayette de Andrada (Republicanos/MG) e Nelson Padovani (União Brasil/PR); o Secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Gentil Nogueira de Sá Jr.; e o Vice-Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Afonso. A parte da manhã contou, ainda, com palestra do Leader do Programa REmap da International Renewable Energy Agency (IRENA), Ricardo Gorini.