Dinheiro pela janela?
Romero Jucá é senador desde 1995. Afilhado político do presidente da Casa, José Sarney, que o indicou para a presidência da Funai e para governar o antigo território de Roraima, ele sempre reverenciou a cartilha do padrinho – principalmente o ponto que prega a fé inquebrantável no governismo. “Eu não fecho a porta para ninguém”, gosta de repetir o ex-PFL, ex-PSDB e agora peemedebista.
VEJA – Por que há tanta denúncia contra o senhor?
Romero Jucá – São coisas dos adversários políticos. Estou muito tranquilo.
VEJA – No período de transição entre os governos, a equipe da presidente eleita Dilma Rousseff recebeu informações sobre sua vida empresarial. Relatava-se, por exemplo, que o senhor usava laranjas para comprar emissoras de rádio e TV.
Romero Jucá – Isso não tem nada a ver comigo.
VEJA – Mas o senhor conhece os supostos donos da Paraviana, a rede de comunicação que dizem ser sua?
Romero Jucá – Não conheço.
VEJA – Um deles foi motorista de um ex-assessor do senhor, que contou às autoridades ter servido como seu laranja.
Romero Jucá – Ele foi motorista de uma pessoa que foi empresário em Roraima. O Geraldo Rocha (o laranja confesso) foi meu assessor antes de ser empresário, na época em que presidi a Funai (no governo José Sarney). Ele montou uma produtora em Roraima. Depois, meu filho assumiu essa produtora. Não tive nada a ver com isso.
VEJA – Quantas emissoras de rádio e TV o senhor tem?
Romero Jucá – A legislação não me proíbe de ter TV e rádio, mas eu não as tenho. Minha família tem duas emissoras de TV no ar: Caburaí e Imperial. Autorização de TV tem umas cinco ou seis. Também tem uma rádio em Boa Vista e outra licitação ganha.
VEJA – O senhor conhece seu assessor de campanha que atirou 100000 reais pela janela de um carro?
Romero Jucá – Conheço de vista, mas não tratava com ele. Esse dinheiro, fui saber depois, era do comitê financeiro de campanha para pagar pessoal. O comitê já entrou com o pedido de liberação do recurso, mostrou o cheque que foi sacado e a lista de quem receberia os pagamentos.
VEJA – Por que o assessor jogou o dinheiro pela janela?
Romero Jucá – Não sei. Como é que alguém joga 100000 reais pela janela? É uma maluquice. Ele disse que deram um tiro. Aí, ele se apavorou.
VEJA – Qual o segredo para ser líder do governo do PSDB e logo depois líder dos governos do PT?
Romero Jucá – Trabalhar muito, procurar o consenso e ter conhecimento sobre como é a operação no Senado. Nunca mudei o que defendo: desenvolvimento do país, questão social, responsabilidade fiscal. Como tenho trânsito em todos os partidos, procuro a convergência de ideias. Eu não fecho a porra para ninguém.
*Fonte: Veja On Line, 04/04/2011