Uma das alternativas econômicas que podem revolucionar as finanças municipais é a produção de pescados em tanques-rede nos lagos das usinas. Durante o primeiro fórum regional organizado pela Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas e Alagados (AMUSUH), esta estratégia econômica e social foi tema de palestra. Novas tecnologias e legislação adaptada são as ferramentas para o desenvolvimento dos 727 municípios sedes de usinas e alagados.
Para a gerente de Reservatórios da Usina de Itaipu Binacional, Carla Canzi, a aquicultura faz parte dos projetos das usinas desde o início. “A criação de peixes já é contemplada na maioria dos planos diretores da maior partes das hidroelétricas que é o uso múltiplo do empreendimento. Esse uso já está previsto desde o início, mas pouco se usa. Desde 2003 houve uma pressão para a mudança da visão e missão empresariais. Uma hidroelétrica tem que gerar energia conciliando com o desenvolvimento regional. Foi assim que nasceu o programa Cultivando Água Boa”, explicou Canzi.
O programa desenvolve diversas atividades para proteger os recursos da bacia hidrográfica do Paraná 3. Atualmente são 20 programas e 65 ações fundamentadas nos principais documentos planetários, emanados dos mais importantes fóruns de debates a respeito da problemática socioambiental. As ações vão desde a recuperação de microbacias e a proteção das matas ciliares e da biodiversidade, até a disseminação de valores e saberes que contribuem para a formação de cidadãos dentro da concepção da ética do cuidado e do respeito com o meio ambiente.
Ainda de acordo com Canzi, a aquicultura era negligenciada até há pouco tempo. “Toda a legislação para o uso de águas públicas estava engavetada. Com a mudança do governo em 2003, houve uma pressão política e saiu a normatização para o uso dos tanques-rede nos lagos das usinas”, afirmou a gerente de Reservatórios.
Carla Canzi também garante que as experiências de Itaipu podem ser replicadas em outros lagos. “A ideia é essa: que outros reservatórios não passem pelos mesmos problemas que passamos. Que eles já peguem as nossas experiências e possam implantar nos seus reservatórios. Principalmente aqueles que queiram trabalhar com espécies nativas. O modelo é talvez o único que trabalha com espécies nativas. Estamos abertos para disponibilizar as nossas tecnologias.